Em um artigo recente da CapX, minha colega Chelsea Follett escreveu sobre o declínio das taxas de pobreza absoluta. Estes dados são, de fato, animadores, mas o aumento da renda é apenas uma maneira de medir o estado de melhoria da humanidade – não vamos esquecer os outros indicadores.
Porque quando se trata de nutrição, expectativa de vida, taxas de mortalidade infantil e educação, grande progresso está sendo alcançado em todo o mundo. Isso é especialmente verdadeiro nos países pobres. Na África subsaariana, estão ocorrendo melhorias absolutas no bem estar humano, enquanto a diferença de qualidade de vida com o resto do mundo também está se estreitando.
De acordo com os dados mais recentes, a parcela da humanidade vivendo com menos de US$ 1,90 por pessoa por dia, ajustados pelo poder de compra, diminuiu de 42,2% em 1981 para 10,7% em 2013 (o último ano para o qual há dados disponíveis). Isso representa uma redução de 75% em um período comparativamente curto de 32 anos.
De acordo com pesquisadores da Brookings Institution, “uma redução na pobreza dessa magnitude é inédita na história: nunca tantas pessoas foram tiradas da pobreza durante um período tão curto de tempo.”
Essa queda na pobreza extrema é ainda mais notável, considerando que a população mundial cresceu 59% no mesmo período. Longe de ser um problema, como se chegou a acreditar, esta população crescente tem andado de mãos dadas com o aumento da prosperidade. A especialização e o comércio, ou a globalização, garantiram que um aumento na população mundial se traduzisse em um aumento na produtividade mundial. Como tal, a renda média real per capita também aumentou em 59% entre 1981 e 2013.
A maior redução da pobreza extrema aconteceu no leste da Ásia (de 81% para 3,7%) e no sul da Ásia (de 55% para 15%). Os dados para a África subsaariana são incompletos. Em 1990, estima-se que 54% das pessoas ali viviam na pobreza absoluta. A pobreza atingiu um pico de 59% em 1993. Desde então, caiu para 41%. Assim, em termos de redução da pobreza absoluta, a África subsaariana é uma retardatária. Mas, em outras métricas de bem estar humano, a África subsaariana supera a média mundial.
A ingestão calórica diária por pessoa no mundo, por exemplo, aumentou de uma média de 2.550 em 1981 para 2.850 em 2013 – um aumento de 12%. Na África subsaariana, a ingestão calórica aumentou de 2.138 para 2.448 no mesmo período de tempo. Isso é um aumento de 15%. Para colocar esses números em perspectiva, o Departamento de Agricultura dos EUA recomenda que homens adultos moderadamente ativos consumam entre 2.200 e 2.800 calorias por dia e mulheres moderadamente ativas consumam entre 1.800 e 2.000 calorias por dia.
Entre 1981 e 2015, a expectativa de vida global subiu de 63,2 para 71,9 anos – um salto notável de 12% que está, sem dúvida, ligado ao aumento da renda e, consequentemente, à melhoria da nutrição. Na África subsaariana, a expectativa de vida aumentou de 48,5 para 59,9 anos. Isso é uma melhoria de 24% (ou seja, o dobro da média global). A propagação do HIV / AIDS, que ameaçou dizimar a população africana, foi detida em grande parte devido à generosidade dos contribuintes britânicos e americanos, que subsidiam a distribuição de medicamentos anti-retrovirais na África subsaariana.
Vamos nos voltar agora para os “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio” da Organização das Nações Unidas, que medem o progresso humano em um período mais curto de tempo. Segundo a ONU, a taxa de mortalidade infantil caiu de 64,8 por mil nascidos vivos em 1990 para 30,5 em 2016. Isso representa uma redução de 53%. Na África Subsaariana, caiu de 108 para 53, uma redução de 51%. No mesmo período, a taxa de mortalidade de crianças com menos de cinco anos diminuiu de 93,4 para 40,8 por mil. Isso é uma redução de 56%. Mas na África subsaariana, o declínio foi ainda mais dramático: de 180 para 78 por mil (57%).
As matrículas em todos os níveis de ensino está em alta. Globalmente, a taxa de conclusão do ensino fundamental aumentou de 80% em 1981 para 90% em 2015, uma melhoria de 13%. Na África subsaariana, subiu de 55% para 69% no mesmo período – uma melhoria de 26% (ou seja, o dobro da média global).
A taxa mais baixa de conclusão do ensino médio no mundo subiu de 53% em 1986 para 77% em 2015 – isso representa um aumento de 42%. Na África subsaariana, ela subiu de 22% para 42% – uma melhoria de 91% (ou seja, mais que o dobro da média global). Entre 1981 e 2014, as participações das populações global e da África subsaariana matriculadas em instituições de ensino superior aumentaram de 13% e 2% para 36% e 9%, respectivamente. Mais uma vez, a melhoria na África subsaariana foi maior (350%) do que no caso da média global (177%).
17 de outubro foi o Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza. E, de fato, havia muito para comemorar. A pobreza absoluta foi drasticamente reduzida em grande parte do mundo em desenvolvimento. Mas mesmo em lugares onde a pobreza absoluta persiste em níveis inaceitáveis, como a África subsaariana, muito progresso está sendo feito em outras áreas do bem estar humano. De fato, a região mais pobre do mundo está alcançando a média mundial em um ritmo muito rápido.